Principal avaliação crítica
1,0 de 5 estrelasVERSÃO KINDLE - Ódio e Arrogância.
Avaliado no Brasil em 12 de novembro de 2020
Começo essa resenha com essa citação onde o autor afirma que a fé cristã " é um tipo de infantilidade que se refugiou no espiritual. Tal puberdade retardada e incompleta dos organismos é familiar aos fisiologistas como sintoma da degeneração."
É engraçado, senão espantoso, que três palavras que o autor usa para atacar a fé cristã neste breve trecho, na verdade refletem exatamente a forma como ele expressa as suas ideias ao longo do texto: infantil e retardada. Já a degeneração foi observada ao longo de sua vida, que infelizmente o relegou a uma casa de recuperação aos cuidados de sua família.
É um livro que faz sentir pena de Nietzsche. Parece um adolescente de 13 anos birrento, brigando porque o papaizinho cortou o barato dele e não deixou ele se divertir na festinha com os amiguinhos.
Acho que até um ateu convicto com uma bagagem de leitura mais densa concordaria que esse livro é simplesmente uma choradeira de bebezão.
Na verdade não é o manifesto de um ateu, e sim de alguém que está revoltado com Deus. Se Deus estivesse realmente morto pro Sr. Bigodon, o ódio não seria tão proeminente nessa obra. Outros autores já conseguiram utilizar argumentos mais inteligentes em favor do ateísmo.
Tece críticas totalmente fora de contexto, analisando a religião de forma retrospectiva a partir do seu lugar. Uma visão que justifica subjugar outra cultura simplesmente porque é considerada inferior ou considerada como superstição. Seus "argumentos" acabam vilipendiando qualquer tipo de conhecimento ou filosofia que possa supor algo metafísico ou que transcenda o sensível e os instintos. Não só o cristianismo ou o judaísmo, mas qualquer religião ou filosofia.
Estou relendo agora com 40 anos. A primeira leitura foi aos 28. Hoje o livro me causou diversas gargalhadas na verdade. Se fosse vendido como uma comédia, uma ficção contra a religião e o cristianismo - tipo Monty Python - faria mais sentido. Hoje vejo a molecadinha comentando extasiada sobre o livro e me vejo há 12 anos atrás também. Na época achei o livro quase um bastião em favor do homem livre.
Outra coisa que pensei, é que ainda bem que a própria família do autor não leu os seus livros e não era adepta de suas idéias, se não iriam deixá-lo entregue a própria sorte e morrer sozinho louco na sarjeta já que para o Sr. Bigodon "a piedade opõem-se completamente à lei da evolução, lei da seleção natural. Ela luta ao lado dos condenados pela vida."